O começo de tudo

Esperei muito para decidir ter um filho, talvez demais... who knows? O fato é que quando a Bella nasceu eu ja estava beirando meus 3.8... muito bem vividos diga-se de passagem :o)  Me mudei de mala e cuia de Montreal para Edmonton com um baby de 7 meses na barriga. 

Por causa de burocracias Canadenses tive que esperar 30 dias para ter acesso ao sistema medico daqui.  Ja com 8 meses fiz meu penúltimo ultrassom antes do parto.  Nunca irei esquecer a cara de pânico da Tailandesa olhando para o monitor do aparelho de ultrassom.  Quase entrei em trabalho de parto ali mesmo!  Óbvio que naquele instante ninguém me disse nada.  Mandaram os resultados do ultrassom para a minha obstetra e ela que se encarregasse de me dar a ma noticia.  Gente cruel essa... primeiro mundo my ass! 

Me receberam em um Hospital/Maternidade uma semana depois.  Aquilo era quase uma comitiva de médicos para falar comigo.  Pensei:  - Pronto, depois da cara de espanto da asiática ainda tem toda essa comissão técnica a minha espera.... minha filha não tem a menor chance...

Mas ela teve, e tem!!! 

Este texto eu escrevi quando ela estava com 2 meses de vida: " Bebe nasceu dia 8 de janeiro de 2008 com hidronefrose bilateral severa, que eh um nome horroroso para um inchaco nos rins causado por uma obstrução nos ureteres.  Desde entao temos vivido uma vida de hospital, consultas e exames doloridos, sendo que dia 27 de fevereiro ela jah fez a primeira cirurgia.

Diante de tanta coisa que vi, vivi e senti, posso afirmar sem medo de errar, que estive a beira de desmoronar umas quantas vezes, mas me fortaleci incrivelmente! Tenho certeza de que sou cheia de pecados, mas uma boa parte deles foram pagos com todo esse sofrimento.

Lições tambem aprendi. 

Minha mãe eh uma peça rara e tal e coisa e as vezes me enlouquece... mas quando preciso ela sempre estah do meu lado me oferecendo colo, mimo e suporte emocional e laboral (sim, ela, Patricinha maxima, fez faxina na minha casa durante 2 meses e meio!)  Ou seja, sentindo o amor que sinto pela Bebella, sem medidas, ficando sem comer nem dormir por causa dela (emagreci tudo que engordei na gravidez nos primeiros 14 dias), só posso reconhecer que ser mae, mesmo sem fazer nada pelo filho, soh de ama-lo com essa grandeza, já eh por si só um ato heroico!

Durante os dias hospitalares, recebi varios telefonemas... Ouvi as mais variadas coisas mas a default era "Voce tem que dar graças a Deus... podia ser pior" Eu sinceramente nao consigo imaginar algo pior que isso!  Claro que estou feliz em saber que o caso da Isabella tem cura e que ela vai sobreviver sem precisar sequer fazer dialise... mas dizer que tenho que dar Graças a Deus eh phouda! 

Comparar-se aos outros eh uma droga! Vc se arrisca a se tornar um arrogante ou um pobre coitado.   Se eu me comparo, por exemplo, com TODAS as minhas amigas que tiveram filhos saudáveis e que não nasceram já tendo que provar tanto sofrimento, fico muito puta da vida e me coloco no lugar de vitima, me perguntando incansavelmente porque comigo?  

Se, por outro lado, me comparo com as crianças que vi no tempo em que a Bebella estava na UTI Neonatal, crianças que alem de precoces eram cheias de problemas no pulmao, rim e coracao, tipo entre a vida e a morte (onde cada dia vivo eh uma vitoria) bom, se me comparo a essas, ai sim, me torno arrogante, achando que mesmo toda furada de agulhas, costurada, mexida, com dreno e cheia de dor, minha filha ainda estah se dando bem... ou seja, facilidade por comparacao eh um troço sem graça.

Bebella agora estah com 2 meses... Estamos nos conhecendo melhor e posso classificar quase todos os seu chorinhos... Tem o choro faniquito: com fome; o Choro Tabajara: aquele que nem sai lagrima, pura manha; o Choro carencia afetiva: quero colo; o choro "Tira esse coco de mim", o Choro biquinho: com dor.  Conheço os horarios dela, suas necessidades e estou ateh conseguindo dormir um pouco mais.  Eh exaustivo?  Sim, com cerveja! Mas quando ela sorri ou solta gritinhos felizes, faz tudo valer a pena.

Eh claro que minha vida pessoal quase nao existe, mas aprendi a esperar... quando o inverno acabar de uma vez por todas, vou voltar a correr  e entrar em um curso de noite.  Mesmo que nao planeje trabalhar este ano (nao vou deixar ela na sendo cuidada pelos outros DE JEITO NENHUM!), quero ocupar minha mente e ter algum contato social que nao seja o lar doce lar... eu preciso!

Fora isso, o medo da perda e consequentemente da insuportavel dor da perda me aproximaram de Deus.  Deus estah fora de moda, o que eh ridiculo.  Nao gosto das instituiçoes,  mas gosto das oraçoes, dos cantigos, de alguns santos (como Sao Francisco) e que me apego a Maria com unhas e dentes. Rezei, rezei muito e com tudo isso aprendi a agradecer, ser grato por tudo que se tem eh muito importante na vida do ser humano.

Bom, isso não eh tudo mas termina sendo...

Beijabraços com cheirinho de Natura Mamãe Bebe"

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